terça-feira, 16 de março de 2010
Pessoas vão para as ruas por causa das drogas
Matéria publicada no jornal O Estadão do Norte, em 2009
Larissa Moreira
É no Centro da cidade, que se concentra o maior número de moradores de rua da capital. Grande parte é dependente de drogas psicoativas e tem alguma ligação com o tráfico de entorpecentes. Além das drogas, a maioria também é usuária de álcool. Parte dessas pessoas tem família, e saíram de casa por conta de problemas familiares causados pela dependência química.
Franciano Seixas, 19 anos, é um desses casos. Morador de rua desde os 14 anos, decidiu ir embora de casa, porque passou a trocar objetos, como ferro de passar, ventilador e relógio, da casa da mãe, por droga. “Antes que as coisas piorassem e que eu começasse a pegar objetos de valor maior, resolvi sair de casa”, lembra.
O jovem conta que consegue, de 15 a 25 reais por dia. Com esse dinheiro, ele compra comida, roupa, calçado e droga. “Uso maconha, sempre compro um pouco pra fumar depois do trabalho”, afirma. Segundo Franciano, há um lugar no Centro da cidade, que ele preferiu não revelar, onde os moradores se reúnem para conversar durante a noite, usar drogar e dormi.
Aroldo Araújo morou nas ruas de Porto Velho, por 15 anos, usava todos os tipos de droga. Voltou a morar na casa da família há três anos. Hoje cuida de carros, e com o dinheiro que arrecada, de 30 a 40 reais por dia, ajuda no sustento da mãe e dos três irmãos. “Cada pessoa, dá 30, 40 ou 50 centavos. Às vezes, quando demos sorte, recebemos um real”, ressalta.
Não é só pessoas de pobreza absoluta que fazem parte deste submundo. Há também aqueles que abandonam a família para se aventurar nos semáforos e praças, e ganham dinheiro fazendo malabares ou qualquer outro tipo de arte nas ruas. Edson Ferreira, há dois anos resolveu tentar ganhar dinheiro através da arte de rua. Ele faz malabares nos semáforos das principais ruas da capital, arrecada de 20 a 30 reais por dia.
PESSOAS INVISÍVEIS
Os moradores de rua se dizem abandonados, principalmente pelo poder público. “Não recebemos nenhuma ajuda da prefeitura. Mesmo trabalhando e dormindo aqui na frente, é como se fossemos invisíveis aos olhos dos governantes”, afirma Aroldo Araújo. O flanelinha, diz que tem título de eleitor, mas só vota, pelo pouco de esperança que resta num futuro melhor e porque é obrigatório.
Ele se lembra do tempo, em administrações anteriores, que muitos deles receberam auxílio para qualificação profissional e empregos. Hoje os que moram nas ruas, só recebem ajuda da igreja, que distribui sopa, durantes algumas noites.
Aroldo diz que estudou somente até a 4ª série do ensino fundamental, e que por conta disso, fica ainda mais difícil de conseguir um emprego. A opção para driblar a falta de emprego segundo ele é trabalhar nas ruas.
O jovem Franciano, explica que cursou até a 2ª série do ensino fundamental. Na próxima semana irá ao exército para tentar conseguir o documento de reservista. Ele explica que com este documento, fica mais fácil conseguir um emprego. Pretende trabalhar na área de marcenaria e serralheria. “Aprendi estas funções com meu pai, e quero ganhar a vida com isso. O maior objetivo é trazer a mãe, que mora no estado do Mato Grosso.
Foto: Eliênio Nascimento
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